A configuração sinótica segue favorecendo ao desenvolvimento
de tempestades sobre o estado do Rio Grande do Sul. Como dito no post anterior,
este padrão que temos hoje é conhecido devido aos seguintes fatores que
contribuem para o surgimento e manutenção de tempestades severas:
- Jato de Baixos Níveis.
Canal de escoamento do
vento formado a leste da Cordilheira dos Andes. Realizou transporte de ar
quente e úmido, já que esse ar é advectado em muitas vezes das regiões amazônicas,
instabilizando assim a atmosfera. Tem papel fundamental, pois os movimentos
ascendentes no interior da célula devem ser fortes para suspender pedras de
granizo, por exemplo. O calculo físico do movimento do ar na vertical depende, em síntese, de quão úmido é o ar já que o ar úmido é mais leve em relação ao
ar seco e por isso a força de flutuabilidade será maior, permitindo assim um
movimento vertical mais intenso.
- Cavado em superfície / Centro de Baixa Pressão
O cavado contribui como forçante mecânica
para o levantamento do ar. Na presença de uma atmosfera mais “leve” (explicado
no tópico anterior), é a componente que força a subida desse ar que formará as
nuvens e seguirá subindo e expandindo-se até formar grandes tempestades, que
podem ser locais ou até mesmo um aglomerado de tempestades. Como o ocorrido na
tarde-noite de ontem e manhã de hoje, onde havia a presença de várias células
de tempestades organizadas em um só conjunto de tempestades.
No dia de hoje o cavado não estava configurado, porém havia a perturbação diretamente do centro de baixa pressão do qual se estendia no cavado ontem.
- Difluência do ar em altos níveis
Esta difluência é um afastamento
das linhas de corrente observadas no nível de 250hPa. Corrobora com a circulação
em superfície marcada por movimentos ciclônicos capazes de forçar a ascensão
das parcelas de ar, e também com a entrada de massa em baixos níveis. É
facilmente compreendido com o entendimento físico da equação da continuidade (uma
das equações de Euler) que descreve a conservação de massa.
A soma destes fatores já foi discutida em vários artigos
científicos como um dos grandes fatores que disparam a convecção severa sobre
nossa região e são objeto de estudos científicos por parte dos integrantes do
Capincho Cumulus que pretendem entender de maneira mais clara, qual a
contribuição efetiva de cada um deles.
Baseado nessa experiência teórica e acima da tudo na observacional, o Capincho Cumulus lançou
ainda na noite de quinta-feira que poderíamos ter a ocorrência de tempo severo
sobre o estado, uma vez que hoje possuímos um conhecimento razoável sobre o
ambiente atmosférico favorável para o desenvolvimento de tempestades severas
sobre nossa região.
Por fim, o objetivo do Capincho Cumulus com este post é
tornar um pouco clara para o público que acompanha o blog, quais foram os
fatores e com o que eles contribuíram para gerar as tempestades ocorridas neste
fim de semana no estado do Rio Grande do Sul.
Eventuais correções e contribuições nos argumentos acima serão
bem vindas, pois o principal objetivo deste espaço, além de passar a informação
meteorológica, é a nossa capacitação como futuros pesquisadores para que aí sim
possamos contribuir de maneira mais efetiva para a sociedade.
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