sábado, 16 de novembro de 2013

Feriado turbulento!

No feriado desta sexta-feira (15/11/13), conforme o esperado, tivemos na parte da manhã a passagem de uma Linha de Instabilidade (LI) pelo Rio Grande do Sul (animação 1), associada a um sistema frontal (frente fria) que atuava no Estado. Esta, prolongou-se até o norte da Argentina como uma frente de rajada (Animação 2). Isso, ocorre devido as trocas de massa de ar quente para fria.
No fim da tarde, devido ao ingresso da massa de ar fria que estava na retaguarda do sistema frontal, impulsionada por um ciclone extratropical na costa uruguaia,  houve a passagem de uma frente de rajada pelo extremo sul do RS. Na (Fig 1), registrada por um dos membros do grupo Capincho Cumulus, Fernando Cossetin, é possível visualizar três nuvens arcos do tipo rolo (Arcus cloud type roll cloud), associadas a ondas de gravidade dentro da frente de rajada, que se formam devido a diferença de densidade entre as massas de ar que ali atuavam. Pelo espaçamento entre uma nuvem rolo e outra (crista da onda), pode-se identificar o comprimento de onda do sistema. Pode-se observar também, pequenos buracos na retaguarda da primeira nuvem rolo, estes estão associados a formação de nuvens reticulares. Estas nuvens são o inverso dos famosos Mammatus e são associadas também a tempo severo. Na animação do radar de Canguçu (Animação 3) pôde ser observado o deslocamento desta frente de rajada, onde é possível vizualizar uma tênue linha, fina e de baixa refletividade avançando desde a fronteira do Uruguai para Pelotas.
Pode-se dizer que este fenômeno é raro e nunca foi visto antes pela equipe Capincho Cumulus!

 Animação 1: Animação do radar de Santago/RS, mostrando o avanço da LI.

 Animação 2: Animação do satélite GOES-13, canal visível mostrando frente de rajada na Argentina.


                                             Fig 1: fotos da frente de rajada chegando a Pelotas.

Animação 3: Animação radar de Canguçu/RS, mostrando a frente de rajada avançando pelo sul do RS.

Temos a seguir o código METAR do aeroporto de Pelotas, no qual pode-se identificar o momento exato no qual a frente de rajada passou e o que ela influenciou nas variáveis meteorológicas.

 SA 15/11/2013 21:00-> METAR SBPK 152100Z 34005KT 9999 SCT030 OVC090 21/20 Q1006=
SA 15/11/2013 22:00-> METAR SBPK 152200Z 23018G32KT 8000 SCT030 OVC090 18/15 Q1008=
SA 15/11/2013 23:00-> METAR SBPK 152300Z 23014KT 9999 SCT040 BKN090 18/14 Q1011=


Observa-se que as 21:00 horas tínhamos vento de 340º (norte/noroeste) e velocidade de 05KT (9,3 km/h), visibilidade de 10000 metros, a temperatura era de 21ºC e a pressão era de 1006 hPa. No instante em que a frente de rajada passou, provocou mudança na direção do vento, que foi para 230º (sudoeste) com intensidade de 32KT (59,3 km/h), a visibilidade diminuiu para 8000 metros, ou seja, essa frente de rajada estava associada a precipitação, a temperatura caiu para 18ºC devido ao ingresso de ar mais frio e seco, já que o Td foi para 15°C e a pressão aumentou para 1008 hPa, já que devido ao ingresso de ar mais frio e denso faz a presão aumentar.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Previsão de intensa precipitação

Depois de parte do Conesul sofrer com a intensa precipitação ocorrida nesta semana, agora é a vez da metade norte do Rio Grande do Sul e praticamente todo o estado de Santa Catarina sofrerem também com intensas precipitações, ventania e até granizo.
A combinação entre os fluxos de altitude e o aprofundamento de um cavado em superfície, que mais tarde formará um ciclone extratropical junto à costa gaúcha, deve favorecer a formação de intensas áreas de instabilidade que atingirá severamente os locais acima citados. 
A imagem de satélite no canal visível já mostra intensa atividade convectiva sobre a metade norte do Rio Grande do Sul e sul de Santa Catarina. Essa instabilidade já mostra-se bem significativa como podemos observar pela ocorrência de descargas atmosféricas (fig 1) e também pelos topos frios das nuvens (fig 2), indicando então intenso desenvolvimento vertical.

FIG 1 - Atividade elétrica associada a instabilidade sobre a região Sul.
Fonte: ELAT/INPE





FIG 2 - Imagem de satélite das 11 da manhã de hoje, mostrando os topos frios associados à instabilidade.
Fonte: DSA/CPTEC/INPE




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Depois da chuva, calor!

     Uma linha de instabilidade associada a frontogênese vinda do Uruguai avançou rapidamente pelo estado durante a noite de ontem causando vendavais e queda de granizo. A chuva começou por volta das 22 horas do dia 7 em Santana do Livramento (figura 1) e chegou à cidade de Ijuí às 7 horas do dia 8 (figura 2). 


    Figura 1: imagem do radar de Santiago às 00:50 UTC

Figura 2: imagem do radar de Santiago às 09:50 UTC

      As estações automáticas do INMET registraram 23.8 mm em Bagé, 16.6 em São Gabriel, 12.4 em Santa Rosa e 12 mm no Chuí. Mas o que realmente chamou a atenção foi o vento, que chegou a 68 km/h em Dom Pedrito, 75.6 km/h em Caçapava do Sul e 92.5 km/h em Canguçu. 
     A tempestade ocorreu devido à presença de um cavado frontal que gerou difluência na alta troposfera (figura 3) e à advecção de ar quente e úmido em baixos níveis (figura 4). Este padrão resultou na formação de um ciclone extratropical a leste de Buenos Aires, e com isto a instabilidade atravessou o estado rapidamente.

Figura 3: carta de altos níveis 

Figura 4: carta de baixos níveis

     Esta semana será marcada pelo predomínio do calor e da baixa umidade relativa do ar em virtude de uma ampla área de circulação anticiclônica que impedirá a chegada de frentes frias pelo menos até o fim de semana. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nevoeiro Marítimo em Pelotas hoje!

      
        Temos como definição que nevoeiro acontece quando gotículas de água ficam em suspensão próxima ao solo, ou seja, podemos associar que nevoeiro é uma nuvem com sua base em contato com o solo. O termo nevoeiro é geralmente utilizado quando a visibilidade horizontal no solo é inferior a um quilometro. A formação do nevoeiro é geralmente associada com o ar fica saturado através do resfriamento radiativo, resfriamento advectivo, resfriamento adiabático ou ainda por adição de vapor d’agua. Os nevoeiros se dividem em nevoeiros de advecção, nevoeiros de radiação, nevoeiro misto de advecção/radiação, nevoeiro orográfico de encosta/colina e nevoeiros frontais.
Sabendo os princípios básicos de nevoeiro, falaremos um pouco do nevoeiro que interagiu em pelotas hoje.
        O nevoeiro que atingiu pelotas hoje, foi caracterizado como sendo nevoeiro advectivo marítimo. Primeiramente foi classificado como nevoeiro advectivo pois depende do transporte de ar frio em regiões quentes ou ar quente em regiões frias. No caso de Pelotas foi o ar quente sobre regiões frias. Logo após, foi classificado como nevoeiro advectivo marítimo devido resfriamento do ar marítimo sobre uma superfície fria. Observamos através das cartas de superfície o deslocamento de ar quente sobre a lagoa que está mais fria, ou seja, o ar esfria, satura e em seguida ocorre a condensação, formando assim o nevoeiro e também acarretando a queda na temperatura onde o nevoeiro age. Podemos notar tal deslocamento através da carta de superfície das 06Z, 12Z e 18Z abaixo.


Carta de Superfície das 06Z


Carta de Superfície das 12Z


Carta de Superfície das 18Z

          Podemos ver o deslocamento citado acima através do campo de espessura das carta de superfície (linhas tracejadas em vermelho) e a rotação anti ciclônica associada a região de alta pressão atuando sobre a Lagoa dos Patos. Um dos principais motivos do nevoeiro atuar sobre Pelotas e não ficar somente sobre a Lagoa dos Patos, foi devido ao aquecimento superficial do continente, fazendo com que ocorra ventos de leste (Lagoa dos Patos para o continente) e trazendo o nevoeiro para dentro da cidade.

          Conseguimos observar bem o nevoeiro sobre a Lagoa dos Patos através das imagens de satélite em alta resolução abaixo:


Imagem de satélite aqua.


Imagem de satélite terra.

        Outra imagem do satélite GOES-13 sobre a Argentina mostra o nevoeiro marítimo:


Imagem de satélite do GOES-13

          A partir das 6:15 de hoje, o aeroporto de Pelotas começou a registrar o nevoeiro com uma visibilidade 200 metros e persistiu com essa visibilidade até as 8:00. As 11:00 o aeroporto ainda registrava nevoeiro mas com uma visibilidade de 500 metros. Logo após o aeroporto já começou a registrar visibilidade bem mais distante, mas por volta das 16:10 o aeroporto já voltou a registrar a visibilidade relativamente baixa em 800 metros. A partir das 17:00 até o momento, o aeroporto voltou a registrar visibilidade de 200 metros.

          Abaixo segue imagens registradas pela nossa equipe do nevoeiro sobre Pelotas


1ª - Imagem do nevoeiro na região do Porto de Pelotas 


2ª - Imagem do nevoeiro na região do Porto de Pelotas 

3ª - Imagem do nevoeiro na região do Porto de Pelotas 

4ª - Imagem do nevoeiro na região do Porto de Pelotas 


5ª - Imagem do nevoeiro na região do Porto de Pelotas 

6ª - Imagem do nevoeiro na região Três Vendas em Pelotas 



7ª - Imagem do nevoeiro na região Três Vendas em Pelotas 



8ª - Imagem do nevoeiro na região Três Vendas em Pelotas 


9ª - Imagem do nevoeiro na região Três Vendas em Pelotas 


Equipe Capincho Cumulus.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Rio Grande do Sul amanheceu congelado!

O Rio Grande do Sul é frequentemente lembrado devido ao seu clima frio e úmido, nos últimos dias observamos o porquê de nosso estado ser lembrado de tal forma. O estado amanheceu gelado neste dia 25/07/2013, a massa de ar que atingiu o estado nos últimos dias segue atuando sobre nós, que somado as condições de céu limpo, acarretou a queda nas temperaturas durante a última madrugada.
Segue abaixo uma lista das temperaturas mínimas registradas hoje no estado.

Santa Vitoria do Palmar: 2.1ºC
Canguçu:  3.4ºC
Jaguarão:  1,5ºC
Pelotas:  -2ºC
Mostardas:  2.1ºC
Porto Alegre:  1,4ºC
Uruguaiana :  1,9ºC
Cruz Alta:  -1,1ºC
Santa Rosa:  -2,8ºC
Passo Fundo:  -0,4ºC
Teutonia:  0,8ºC
São Gabriel:  -0,7ºC
Caçapava do Sul:  3,3ºC
Soledade:  -0,9ºC
Tramandaí:  3,4ºC
Erechim:  -1,2ºC
Bagé:  2,3ºC
Canela:  -0,1ºC
Bento Gonçalves:  0,5ºC
Palmeira das Missões:  1ºC

Fonte: INMET e REDEMET.

Na cidade de Pelotas, a temperatura minima de -2ºC fez com que uma forte geada atuasse sobre a cidade. Segue abaixo algumas fotos registradas pela equipe Capincho Cumulus na manha de hoje.


Fig. 1 - Carro estacionado na rua coberto por uma camada de gelo.


Fig. 2 - Geada na Av. Zeferino Costa.

Fig. 3 - Geada na Av. Francisco Caruccio.


Possivelmente, persistiremos sobre a influência da massa de ar até domingo, mantendo então as temperaturas mais baixas durante os próximos dias. 

Equipe Capincho Cumulus.


quarta-feira, 24 de julho de 2013

Nevascas no Sul do Brasil

Este início de semana foi marcado pela ocorrência significativa de neve nos três estados do Sul do Brasil, fato este que entrará para a história da meteorologia brasileira.
No Paraná a neve deu as caras em várias cidades como Guarapuava e até mesmo na capital Curitiba.

Foto1: Neve em Guarapuava - Paraná por http://www.diariodeguarapuava.com.br.

Impressionante também a quantidade de neve registrada em Santa Catarina, onde por diversas vezes a PRF foi obrigada a fechar as rodovias devido ao risco de acidentes, tudo em função da pista escorregadia .

Foto 2: Rodovia fechada pela PRF em SC 
(Crédito: PRF SC/Divulgação/CP).

Mas uma das imagens mais impressionantes, sem dúvidas, são os morros da capital Florianópolis cobertos por neve, lembrando em muito o cenário Andino.

Foto 3: Morro do Cambriela em Santa Catarina 
(Crédito: Rosane Lima/Notícias do Dia/Especial CP).


Figura 4: Morro do Cambriela em Santa Catarina
(Crédito: Luiz Evangelista/Futura Press/Estadão Conteúdo).

Já em terras gaúchas a ocorrência de neve foi registrada na Serra e também no Sul do Estado exatamente nos municípios de Encruzilhada do Sul, Caçapava do Sul e Canguçu.
Nesta última, a equipe do Capincho Cumulus instalou-se no ponto mais alto da cidade a espera da neve. E ela veio! Após longas horas de espera, a equipe foi brindada com belas imagens do evento que iniciou-se as 5:30h da manhã, persistindo até por volta das 9:30h. As imagens permitem observar a ocorrência de neve em com diversos formatos conhecidos como: Graupel, Sectored Plates e Stelar Dendrites.

Figura 5: Neve registrada pelo grupo Capincho Cumulus.

O vídeo abaixo mostra o momento no qual ocorreu a primeira intensificação da precipitação de neve. Neste momento havia a incidência de neve em flocos e por vezes graupel.



A condição de neve no Sul do estado só foi possível devido à atuação de uma pequena instabilidade gerada pela atuação de um cavado que ingressou pela fronteira com o Uruguai, que combinado com as temperaturas extremamente baixas em altitude acabou gerando a precipitação na região Sul do Estado.

Segue a sequencia temporal e espacial da instabilidade que provocou neve na serra do sudeste.



Segue também uma imagem em alta resolução de satélite da instabilidade que originou a neve.


Logo está o material capturado em foto e vídeo pela equipe do Capincho Cumulus na expedição ao Morro do Santuário no dia 23/07/2013 onde os extremos foram de -1.5ºC em uma baixada no Morro do Santuário, 0.3ºC no topo do morro onde a sensação térmica chegou a -6.7ºC devido as rajadas de 54.4 km/h a uma altitude aproximada de 485 metros.