domingo, 30 de setembro de 2012

Tempo severo explode sobre Rio Grande do Sul novamente

Cavado em superfície e no nível de 850 hpa, associado com padrão difluente e consequente divergência na saída do JST (jato sub-tropical), mais transporte de ar quente vindo do norte do Brasil e convergência de umidade nos baixos e médios níveis da troposfera devido a um anticiclone no Atlântico, fizeram com que a convecção explodisse sobre o estado do Rio grande do Sul na noite deste Domingo 30 de Setembro de 2012 e madrugada desta Segunda-feira 1° de Outubro de 2012. Esse padrão formou sistemas convectivos de mesoescala ( SCM) sobre as regiões Sudoeste, Sul, Leste, Nordeste, Centro e Oeste do Rio Grande do Sul, que provocaram fortes temporais com granizo, ventos fortes, precipitação intensa e muitas descargas atmosféricas. 
Até o início da madrugada de Segunda-feira 1/10/2012 várias cidades do estado do Rio Grande do Sul registravam granizo como: Pelotas, Porto Alegre, Gravataí, Santa Maria, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Bom Jesus, São Jerônimo, Veranópolis Maquiné, Canoas, Esteio, Rio Pardo, Bagé, Uruguaiana, Capão da Canoa, Tapes e Camaquã. Na cidade de Pelotas por exemplo precipitou granizo por 3 vezes seguidas no fim da noite de Domingo 30/09/2012 em um intervalo de apenas 3 horas. Abaixo estão fotos e vídeo dos raios sobre Pelotas!











                                  


A previsão para este inicio de semana é de muita chuva e persistência dos temporais sobre todo centro-sul do estado do Rio Grande do Sul. O Capincho Cumulus alerta que esses temporais virão acompanhados de rajadas fortes de vento, granizo (que pode ser de grande tamanho), descargas atmosféricas (raios) e muita chuva. Os acumulados de chuva serão elevados no estado durante esta semana podendo ultrapassar os 100mm em diversas localidades, principalmente regiões do oeste, campanha , centro e leste. Abaixo estão fotos dos alagamentos em Pelotas.









quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Super ciclone!

Depois de um bloqueio atmosférico que persistiu por 4 dias provocando tempo severo no estado do Rio Grande do Sul, com formação de intensos sistemas convectivos que provocaram diversas tempestade severas com queda de granizo e vendavais, e vários danos severos em praticamente todas as regiões do estado, a formação e intensificação de um ciclone extratropical quebrou este bloqueio. A pressão em seu centro caiu a 983 mb sobre a costa do Uruguai, e provocou rajadas de vento máximas em Punta del Este de 172 km/h, que se comparam a rajadas em um furacão categoria 2 que vai de 154 km/h a 177 km/h. Os estragos sobre o Uruguai foram severos com milhares de árvores derrubadas, postes caídos, casas completamente destelhadas, carros virados, etc... Sobre o Rio Grande do Sul as rajadas provocaram diversos danos na região da campanha e sul do estado, placas de publicidade caíram, postes também, diversas árvores foram derrubadas, milhares de pessoas ficaram sem telefone e energia elétrica. As rajadas máximas registradas no território gaúcho foram de 102 km/h em Bagé, 108 km/h em Canguçu, 120,2 km/h em Rio Grande, 94 km/h no Chuí, 95,4 km/h em Jaguarão, 103,3 km/h em Mostardas e 78,2 km/h em Pelotas e diversas cidades do litoral norte tiveram rajadas entre 80 e 90 km/h.
Na caçada feita na praia do Laranjal-Pelotas-RS o Capincho Cumulus registrou rajada de 77 km/h e ainda presenciou recuo de aproximadamente 400 m da Laguna dos Patos em função dos fortes ventos. 
O ciclone deslocou-se rapidamente para sudeste e esta agora a mais de 1000 km da costa com pressão em seu centro de 972 mb. Abaixo esta o vídeo da caçada feita pelo Capincho no Laranjal.



segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Semana inicia com CCM (Complexo Convectivo de Mesoescala)

Novamente o estado foi atingido pela formação e passagem de forte instabilidade. Contudo hoje, diferente do fim de semana, o sistema convectivo de mesoescala que formou-se foi um CCM (complexo Convectivo de Mesoescala) conforme previsto pelos modelos numéricos e discutido em várias previsões.
Felizmente, devido ao grande destaque dado na imprensa para esta semana fenomenal (sob o ponto de vista meteorológico), muitas ações preventivas foram tomadas pelos gestores da administração pública para que os efeitos das precipitações intensas fossem ao máximo mitigados. Embora os eventos mais severos ainda estejam por acontecer (é o que indicam os modelos), pelo menos a passagem desses dois últimos SCM's não trouxe grandes transtornos, contudo houve alagamentos pontuais em algumas vias de Pelotas além de apagões na energia elétrica. O estrago foi maior nas demais regiões, segundo noticiado via twitter pela Radio Gaucha, as 18:50h haviam 14mil clientes sem energia elétrica no Estado. Como as tempestades atingiram regiões do interior do estado, é possível termos notícias de grandes estragos como destelhamentos em alguns locais, já que o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) registrou com estação meteorológica automática rajada máxima de vento de 97,2 km/h na cidade de Canguçu. Não podemos desconsiderar que tenha ocorrido isso devido a intensidade das células que tivemos.
Os complexos convectivos de mesoescala são um tipo de sistemas convectivos de mesoescala, e tem o nome de complexo convectivo por tratar-se de um grande aglomerado de células de tempestade. Para serem classificados como complexo convectivo de mesoescala, algumas características devem ser observadas como: tempo de duração (de 6 a 12 horas), presença de jato de baixos níveis, convergência de umidade e variação na temperatura, e também o formato característico aproximadamente circular, além de é claro, a dimensão gigantesca.
A imagens abaixo ilustra a dimensão do CCM, notem que o sistema toma grande parte do estado.






A intensidade das células pode ser observada pela imagem do radar meteorológico. Locais com coloração vermelha indicam onde há grande quantidade de hidrometeoros, quando estas nuvens atingem alturas significativas (em torno de 11km) é grande a probabilidade da ocorrência de granizo, pois estas colunas de água ultrapassam a altura com temperatura de 0ºC possibilitanto assim a formação das pedras de granizo. Por outro lado, nem todas essas células produzem granizo no solo, pois durante a queda as pedras “descongelam” e caem em forma de gotas de chuva. Houve relatos de queda de granizo em vários pontos do estado no dia de hoje. Na região Sul do estado, houve reportes em Pedro Osório, Rio Grande e São José do Norte.







A previsão para amanhã é a manutenção do padrão sinótico de bloqueio que vem instabilizando a atmosfera e causando a formação desses sistemas convectivos de mesoescala. Amanha indiferente dos dias anteriores teremos a formação de sistemas desse tipo com muita chuva e temporais, alguns com potencial para provocar danos estruturais. Esse sistemas atingirão todo estado, mas as regiões com maior potencial de formação serão as regiões oeste, norte e noroeste, com o sistema se deslocando para leste ao longo do dia e atingindo as demais regiões. A sensação será de abafamento em todas as regiões devido aos valores altos de umidade relativa do ar.










domingo, 16 de setembro de 2012

Entendendo as tempestades deste sábado e domingo. Análise sinótica


A configuração sinótica segue favorecendo ao desenvolvimento de tempestades sobre o estado do Rio Grande do Sul. Como dito no post anterior, este padrão que temos hoje é conhecido devido aos seguintes fatores que contribuem para o surgimento e manutenção de tempestades severas:

  • Jato de Baixos Níveis.
Canal de escoamento do vento formado a leste da Cordilheira dos Andes. Realizou transporte de ar quente e úmido, já que esse ar é advectado em muitas vezes das regiões amazônicas, instabilizando assim a atmosfera. Tem papel fundamental, pois os movimentos ascendentes no interior da célula devem ser fortes para suspender pedras de granizo, por exemplo. O calculo físico do movimento do ar na vertical depende, em síntese, de quão úmido é o ar já que o ar úmido é mais leve em relação ao ar seco e por isso a força de flutuabilidade será maior, permitindo assim um movimento vertical mais intenso.


  • Cavado em superfície / Centro de Baixa Pressão
O cavado contribui como forçante mecânica para o levantamento do ar. Na presença de uma atmosfera mais “leve” (explicado no tópico anterior), é a componente que força a subida desse ar que formará as nuvens e seguirá subindo e expandindo-se até formar grandes tempestades, que podem ser locais ou até mesmo um aglomerado de tempestades. Como o ocorrido na tarde-noite de ontem e manhã de hoje, onde havia a presença de várias células de tempestades organizadas em um só conjunto de tempestades.
No dia de hoje o cavado não estava configurado, porém havia a perturbação diretamente do centro de baixa pressão do qual se estendia no cavado ontem.



  • Difluência do ar em altos níveis
Esta difluência é um afastamento das linhas de corrente observadas no nível de 250hPa. Corrobora com a circulação em superfície marcada por movimentos ciclônicos capazes de forçar a ascensão das parcelas de ar, e também com a entrada de massa em baixos níveis. É facilmente compreendido com o entendimento físico da equação da continuidade (uma das equações de Euler) que descreve a conservação de massa.


A soma destes fatores já foi discutida em vários artigos científicos como um dos grandes fatores que disparam a convecção severa sobre nossa região e são objeto de estudos científicos por parte dos integrantes do Capincho Cumulus que pretendem entender de maneira mais clara, qual a contribuição efetiva de cada um deles.
Baseado nessa experiência teórica e acima da tudo na observacional, o Capincho Cumulus lançou ainda na noite de quinta-feira que poderíamos ter a ocorrência de tempo severo sobre o estado, uma vez que hoje possuímos um conhecimento razoável sobre o ambiente atmosférico favorável para o desenvolvimento de tempestades severas sobre nossa região.
Por fim, o objetivo do Capincho Cumulus com este post é tornar um pouco clara para o público que acompanha o blog, quais foram os fatores e com o que eles contribuíram para gerar as tempestades ocorridas neste fim de semana no estado do Rio Grande do Sul.
Eventuais correções e contribuições nos argumentos acima serão bem vindas, pois o principal objetivo deste espaço, além de passar a informação meteorológica, é a nossa capacitação como futuros pesquisadores para que aí sim possamos contribuir de maneira mais efetiva para a sociedade.

sábado, 15 de setembro de 2012

Sistema Convectivo abre a sequencia de dias chuvosos no Estado.


Após a confirmação da configuração já conhecida por proporcionar intensos temporais nas latitudes médias da América do Sul, o dia de hoje só poderia ser de muitas células por todas as partes desde Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul. A formação de um Sistema Convectivo de Mesoescala trouxe intensos temporais nos locais acima citados, exatamente como os modelos atmosféricos indicavam. Houve inclusive a morte de uma pessoa em Tupanciretã segundo informação veiculada no site da Zero Hora. A convecção só não ocorreu de forma mais profunda por que a advecção de ar quente ficou concentrada na região norte da Argentina, deixando assim de instabilizar ainda mais a atmosfera no Rio Grande do Sul. Agora a noite, enfim, começou o ingresso de ar quente vindo do quadrante norte, este novo ingrediente contribuirá para a instabilização e provocará intensos temporais como os observados na região sul do estado agora a noite e amanhã durante todo o dia.
A situação sinótica já se apresentava favorável desde a noite de ontem em função da presença do Jato de Baixos Níveis, o qual realiza o transporte de ar das regiões mais ao norte, especificamente do interior do continente, este mais quente e portanto com potencial para instabilizar o ar.



 Essa oferta de calor somado à presença de um cavado em superfície favoreceu o levantamento do ar e conseqüente formação do Sistema Convectivo que atingiu hoje o estado.
O fato chave que permitiu a formação das tempestades foi o deslocamento do bloqueio atmosférico em altos níveis que até então estava agindo com uma circulação de crista sobre o estado, impedindo assim o desenvolvimento das nuvens. Esse quadro proporciona desenvolvimento de células que provocam muitas descargas atmosféricas, Pelotas agora noite tem ocorrência de muitos raios, como mostra a imagem do RINDAT ( Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas) e as fotos tiradas pelo Capincho Cumulus em caçada esta noite.o de crista sobre o estado, impedindo assim a formaça atmosfencial para instabilizar o ar.devido a sua densidade mais altatmosf






















Videos dos raios em Pedro Osório-RS e Pelotas-RS agora a noite.