sábado, 24 de maio de 2014

VCAN afetando o tempo


Analisando a imagem de satélite deste sábado (24/05) (Fig. 1), nota-se uma configuração interessante, com nuvens alinhadas da Bolívia até o Atlântico. Isso se dá devido a atuação de fortes ventos em altitude denominados Correntes de Jato. No caso, atuação do Jato Subtropical (JST) acoplado  ao ramo norte do Jato Polar. A intensificação desses ventos está diretamente associada à incursão de massa de ar de origem polar.

Figura 1. Imagem do satélite GOES-13 (Canal 3) - INPE/CPTEC/DSA. 24/05/2014 - 1400 UTC

As temperaturas mínimas registradas na manhã deste sábado foram baixas, segue abaixo uma lista de alguma delas (Fonte: INMET):

- Pelotas (Embrapa): 5,1ºC
- Canguçu: 3,4ºC
- Bagé: 1,1ºC
- Quaraí: 1.3ºC
- Soledade: 1,4ºC
- Cruz Alta: 1,5ºC
- Lagoa Vermelha: 1,1ºC
- São José dos Ausentes: -0,1ºC

O amanhecer deste Domingo será de frio intenso. com mínimas negativas nas cidades mais frias do RS.

A presença de um Vórtice Ciclônico em Altos Níveis (VCAN) do tipo Palmén (se origina em latitudes subtropicais) (Fig. 2) que tem como característica advectar vorticidade ciclônica a leste de sua posição na camada inferior da atmosfera e com isto há perda de massa e consequentemente diminuição na pressão e tudo isto juntamente com outros fatores dinâmicos e sinóticos acarreta na convergência em superfície e ascensão de ar. Ao VCAN atravessar a região Andina, isto deve ocorrer neste Domingo (25/05), juntamente com a ação de uma região de difluência de ventos em altitude (Fig. 3) que acarreta na convergência em superfície, o tempo no norte do RS até o Paraná será instabilizado, podendo provocar chuva torrencial e até mesmo a ocorrência de granizo. 

Figura 2. Presença de um VCAN.

Figura 3. Difluência.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

AR POLAR CHEGANDO AO RIO GRANDE DO SUL



O inverno inicia apenas em meados de junho, mas antes de começar no calendário, aos poucos já começamos a sentir a temperatura típica da estação mais fria do ano. O outono é uma estação de transição, apresentando temperaturas mais altas em seu começo, e já típicas de inverno perto de seu fim. Uma massa de ar polar será responsável pelas temperaturas mais baixas do ano até o momento no próximo fim de semana. O vento gelado que sopra de oeste/sudoeste nesta quinta-feira já é um prenúncio do ingresso da massa de ar oriunda da Argentina e com origem polar. Na Argentina e no Chile, os registros realizados as 18Z de hoje (referente às temperaturas ocorridas nas ultimas 24h) indicam que as temperaturas despencaram por lá. Abaixo, alguns dados interessantes de aeroportos:

Villa Dolores Aerodrome: -0.8ºC
Malargue Aerodrome: -2.4ºC
Viedma Aerodrome: 3.4ºC
Maquinchao: -3.6ºC
San Julian Aerodrome: -3.9ºC
Balmaceda(Chile): -8.2ºC
El Calafate Aero: -9.6ºC


Aqui no Rio Grande do Sul, as mínimas mais baixas serão registradas no amanhecer de domingo, quando alguns modelos de previsão que usamos em nossa prática universitária chegam a sugerir temperaturas mínimas ao redor de zero grau nas cidades mais frias do Rio Grande do Sul, localizadas na Campanha e região dos Campos de Cima da Serra. Porém, já para o sábado, o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Faculdade de Meteorologia (CPPMet) prevê mínima ao redor de 4ºC em Pelotas, e máxima de apenas 15ºC tanto na sexta-feira quanto no sábado. Portanto, podemos tirar os cobertores mais pesados do guarda-roupa que certamente iremos usar nos próximos dias.



Imagem de satélite: INPE/CPTEC/DSA – NOAA
Arte/ilustração: Capincho Cumulus.
Dados: Ogimet

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Condições atuais do tempo.

O estado do Rio Grande do Sul está sendo marcado por altos acumulados de chuva.
Segundo dados do Ogimet temos que em São Luiz Gonzada o acumulado em 24 horas já chega nos 145 mm e em Passo Fundo 70 mm.
Estes altos valores ocorreram devido a existência de uma ampla difluência nos altos níveis da atmosfera (Fig. 1) que acarreta na divergência neste nível, isto consequentemente acaba por decorrer em convergência nos níveis mais baixos da atmosfera, que juntamente com a atuação de um cavado em superfície torna a atmosfera favorável a formação de nuvens altamente carregadas.   

Figura 1. Nível de 250 hPa.

Na figura acima, a difluência é demarcada por uma espécie de ">" em vermelho. Em amarelo está identificado um intenso cavado em altos níveis da atmosfera.

Segue abaixo uma nefoanálise das condições atmosféricas atuais.

Figura 2. Nefoanálise.

Como observa-se na figura acima, a precipitação neste momento está sendo causada devido a incursão de uma frente fria no estado. O cavado em altitude observado na Fig 1. está dando suporte a este sistema, e isto, juntamente com a difluência em altos níveis fará com que nesta madrugada as regiões sudeste, leste, noroeste e norte do RS, SC e PR sejam atingidas por chuvas de moderadas a fortes, com atenção a ocorrência de tempestades no norte do RS, SC e PR acompanhando estas chuvas.
 
Na figura abaixo (Fig. 3) observa-se além dos ramos frontais quente, frio e ocluso do sistema, a intensa advecção de ar frio que fará com que as temperaturas diminuam com uma intensa magnitude nos próximos dias. 

Figura 3.


terça-feira, 20 de maio de 2014

Alerta para tempestades e chuvas torrenciais!

Após um fim de semana marcado pela queda das temperaturas onde a mínima ficou entre os valores de 5/7ºC no sul do estado, a tendência para esta semana é de temporais!
Estes serão provocados pela seguinte situação:

A advecção de ar mais quente e úmido vindo de norte para a região sul (Fig. 1), oriunda da confluência de ventos entre uma ampla região de circulação anticiclônica, centrada a leste do RJ/ES no Oceano Atlântico, juntamente com a cordilheira dos Andes atuando como uma espécie de canalizador, direcionando o fluxo de ar mais quente para a região sul e para uma região de baixa pressão (cavados) situada a leste dos Andes na Argentina, poderá dar inicio a formação de tempestades sobre a Argentina, Uruguai e sul do Brasil. O ar mais quente tem como característica ser menos denso que o ar mais frio, deste modo, quando ele encontra o ar mais frio (mais denso) localizado nas regiões mais próximas ao polo, ele tende a ascender na atmosfera (subir). Então, de modo que este ar quente e úmido vai ascendendo na atmosfera, ele vai resfriando, até o ponto onde ele encontra seu nível de condensação (LCL) e começa então a formação da nuvem.

Figura 1.

Na figura acima observa-se além da advecção de norte, a presença de um cavado mais ao norte da Argentina e outro um pouco mais ao sul e também um centro de baixa pressão entre estes cavados. 

Nos níveis altos da atmosfera (250 hPa) observa-se a presença de um cavado de grande magnitude contornado pela corrente de Jato (Fig. 2), este acaba por advectar vorticidade clicônica a leste na camada inferior da atmosfera fazendo com que haja perda de massa e queda na pressão consequentemente. Tamanha é a intensidade deste cavado em 250 hPa, que este reflete na formação de dois Vórtices Ciclônicos em Altos Níveis (VCAN) (Fig. 3) no Pacífico. Estes VCAN em 500 hPa por sua vez, advectam vorticidade ciclônica para os níveis mais inferiores da atmosfera e acabam por dar origem, em superfície, a um Vórtice Ciclônico (VC) no Pacífico e inicialmente a um cavado na Argentina, que acaba por se intensificar e dá origem a outro VC, ou mais conhecido como centro de Baixa pressão (pode ser observado na Fig, 1). Este processo é conhecido como Ciclogênese (formação de um ciclone).


Figura 2. Nível de 250 hPa.

Figura 3. Nível de 500 hPa.


Analisando a animação das imagens de satélite mais recentes de hoje (20/05) do satélite GOES-13 no canal realçado, percebe-se a formação de uma área de instabilidade proveniente da intensificação da região de baixa pressão em superfície.

Figura 4. Animação das imagens de satélite.


ALERTAMOS para o inicio das chuvas e tempestades do fim da noite de hoje (20/05) e inicio da madrugada de amanha (21/05)  para as regiões norte da Argentina, sul do Paraguai, noroeste e oeste do RS devido a advecção de norte. Enquanto que no final da manha/inicio da tarde de amanha o ramo frontal frio do ciclone deve avançar pelo RS, provocando tempestades severas com altos acumulados de chuva, rajadas de vento intensas e até mesmo a possibilidade da queda de granizo em locais isolados.

A equipe do Capincho Cumulus irá realizar nowcasting e lançar alertas destes eventos no facebook.

Após a passagem desta frente fria, teremos o ingresso de uma massa de ar fria no continente, cuja esta fará com que as temperaturas despenquem na Argentina, Uruguai, RS, SC e PR. As temperaturas irão ficar na casa de um digito e devemos ter o fim de semana mais frio do ano! 


terça-feira, 6 de maio de 2014

Alta instabilidade nas regiões do Paraguai, Argentina, Santa Catarina, Parana, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul


As regiões do Paraguai, Oeste de SC, Oeste de PR, Noroeste do RS, extremo Nordeste da Argentina e Sul do MS vem sendo marcadas por chuvas e tempestades nos últimos dias. Isto está ocorrendo devido a uma configuração na qual a atmosfera está sendo forçada a ficar instável.

Observando a Figura 3, nota-se que há uma espécie de canal onde as linhas de corrente são mais intensas nas mediações de onde se encontra o Paraguai em superfície, este canal é denominado de Jato Subtropical (JST) e percebe-se que este sofre uma bifurcação, isto é, na saída do JST temos divergência, consequentemente há convergência em superfície.
Analisando a Figura 4 percebe-se que há uma advecção de ar quente e úmido vindo de norte. Esta configuração acaba favorecendo a formação de nuvens de grande desenvolvimento vertical, pois o ar quente tem como característica ser menos denso que o ar frio, assim a parcela de ar quente é forçada a se elevar, como temos convergência em superfície, esta parcela é facilitada/impulsionada a ascender na atmosfera. O vapor de água presente na parcela de ar úmido ao subir e atingir o seu ponto de saturação ou a sua temperatura de ponto de orvalho, no nível de condensação por levantamento, se condensa, liberando na parcela calor latente de condensação, de forma que a parcela fica mais aquecida, acelera na vertical e desenvolve uma torre de nuvem que se for muito ativa leva a formação de Cumulonimbus. Enquanto o ar no interior desta nuvem é mais quente do que o ar na vizinhança, a nuvem continua a crescer.

 Figura 1. Formação da nuvem.


Figura 2. Esquema de Divergência/Convergência.

A figura acima descreve o processo de convergência em superfície seguido de uma ascensão e então divergência em altos níveis da atmosfera. 

Figura 3. Animação das linhas de corrente no nível de 250 hPa.

Na animação acima observa-se o deslocamento do JST e a divergência (bifurcação) provocada na saída do mesmo.

 Figura 4. Animação das Linhas de corrente em 850 hPa.

Na animação acima pode-se visualizar a advecção de ar quente e úmido proveniente de uma convergência de ventos (corredor de vento de norte) de uma região de circulação anticiclônica provocada por um Anticiclone centrado no litoral Sudeste com uma região com circulação ciclônica provocada por cavados e posteriormente por um ciclone a leste dos Andes.  

Figura 5. Animação das imagens de satélite (GOES-13).

Na animação das imagens de satélite acima, observa-se a temperatura do topo das nuvens, quanto menor a temperatura, indica uma nuvem mais desenvolvida verticalmente (mais alta) e com maior potencial para precipitações. 

Segundo dados do Ogimet de precipitação em um intervalo de 24h, os acumulados na região foram de  92 mm em Uruguaiana, 66 mm em São luiz Gonzaga e 57 mm em Santa Maria no dia 04/05 e 165 mm em Pozo Colorado (Paraguai) no dia 05/05. Já na estação da Embrapa em Pelotas o acumulado do dia 04/05 foi de 40 mm.