A configuração atmosférica está propícia a formação de células de instabilidade por todo o estado devido ao acoplamento de diversos fatores. É utilizado o termo Total Coupling (Acoplamento Total) para caraterizar esta configuração.
Total Coupling: Este é o termo que nós do Capincho Cumulus utilizamos para designar uma condição de associação de sistemas meteorológicos, que provocam tempo extremamente severo, ou condição chamada na meteorologia de Condicionalmente instável.
Os sistemas em associação neste caso são:
- Crista da Alta da Bolívia em 250 hPa;
- Jato Subtropical (JST) em 250 hPa;
- Cavados de onda curta em 500 hPa;
- Divergência em 500 hPa;
- Jato de Baixos Níveis (JBN) em 850 hPa;
- Umidade em 850 hPa;
- Forte gradiente de temperatura em 850 hPa;
- Cavados invertidos em baixos níveis até a superfície;
Estes, trabalham em conjunto de forma a tornar a condição atmosférica perfeita para a formação de Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM), Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), VCM, Linhas de Instabilidade (LI), etc..., que por sua vez provocam tempestades supercelulares, com potencialidade para a formação de granizo, tornados, vendavais, alta precipitação e alta incidência de raios. Lembrando que este termo é utilizado pela equipe Capincho Cumulus de maneira informal, não reconhecido ainda pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM).
Explicando a dinâmica desta configuração: Basicamente, inicia-se este processo pelos altos níveis da atmosfera, com a atuação da cista da Alta da Bolívia com um intenso fluxo, esta acaba por configurar o Jato Subtropical com ondulação anticiclônica, que por sua vez gera intensa perda de massa na região equatorial (região mais próxima a linha do equador) do JST, provocando forte divergência. Ainda com o intenso fluxo devido ao jato, formam-se configurações (assinaturas) de intensa difluência das linhas de corrente, ou seja, as linhas de vento aparecem se abrindo (afastando-se umas das outras). Este fator, intensifica ainda mais a perda de massa na alta troposfera e convecção (vide figura 1).
Figura 1. Nível de 250 hPa.
Com todo este processo ocorrendo nos altos níveis, nos médios níveis atua um cavado de onda curta, intensificando assim a divergência de massa a leste deste, e logo abaixo das assinaturas de difluência em 250 hPa, intensificando ainda mais a perda de massa nas camadas médias e altas da atmosfera, logo, fazendo com que a pressão em baixos níveis sofra uma queda mais acentuada, gerando forte convergência de massa em superfície vem abaixo dos sistemas em médios e altos níveis (vide figura 2).
Figura 2. Nível de 500 hPa.
Agora, a consequência dos sistemas atuantes em altos e médios níveis, é a formação de um cavado (área de baixa pressão prologada) invertido em superfície e baixos níveis. A perda de massa que ocorre nos níveis mais acima, juntamente com a atuação do JBN, que transporta ar quente para Sul em 850 hPa, favorecem a queda na pressão atmosférica, formando este cavado invertido. O papel deste cavado é convergir toda a massa que esta na superfície. Logo, como em médios e altos níveis há perda de massa, por continuidade esta perda tem de ser compensada e ela realmente é, justamente pela convergência no cavado invertido em superfície e baixos níveis (nada se perde, tudo se transforma). Ou seja, a massa é 'perdida' em altos e médios níveis, sendo forçada a subir mecanicamente pelo cavado, e assim, compensar a falta em cima. Agora, o ar que converge para dentro do cavado é quente (mais quente que o ambiente), quando este sobe e resfria (temos que a temperatura diminui com a altura na troposfera) rapidamente e condensa, formando as nuvens com alto desenvolvimento vertical (nuvens de tempestade) (vide figura 3 e 4).
Figra 3. Nível de 850 hPa.
Figura 4. Superfície.
As explicações acima condizem o que já está ocorrendo e irá ocorrer no estado nas próximas horas sobre a porção Sul do Brasil.
Abaixo imagens atuais de radar, satélite e atividade elétrica.
Figura 5. Imagem de Satélite no canal infravermelho 00:00 UTC.
Figura 6. Índice de atividade elétrica.
Fgura 7. Imagem de Satélite canal Realçado 01:30 UTC.
Figura 8. Imagem do radar de Santiago.