sábado, 24 de outubro de 2015

Altos acumulados de chuva marcam a Região Sul do Brasil. O que esperar para os próximos meses?

Boa tarde pessoal.

Muitos ainda estão se perguntando o porque a região sul do Brasil vem sendo afetada por elevados acumulados de chuva além de fortes tempestades com granizo, rajadas de vento intensas e alta incidência de descargas atmosféricas (raios).

Muito bem! Estamos sob a influência de um fenômeno conhecido como El Niño, mas o que é isso?

Este fenômeno é caracterizado por um aumento da temperatura da superfície do mar (TSM) no Oceano Pacífico Tropical. Esse aumento na TSM acaba por alterar a circulação geral da atmosfera em alguns pontos, assim deixa a região Sul do Brasil e países vizinhos em uma condição favorável a ocorrência de chuvas e tempestades mais potentes, enquanto que outras regiões do Brasil como o Nordeste, sofrem ainda mais com as secas. O atual El Niño é um dos três mais intensos das últimas décadas.

Na figura abaixo (Figura 1) podemos visualizar a anomalia (diferença entre a TSM atual e a TSM climatológica/média) da TSM no Pacífico Tropical elaborada no dia 22/10/2015 pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration).

Figura 1. Análise global da anomalia da TSM em ºC no dia 22/10/2015 (Fonte: NOAA/NESDIS).

Há indícios de que esta configuração de El Niño deva perdurar até o final deste verão 2015/16. O que pode acarretar em uma situação extremamente preocupante para as localidades que já sofrem com alagamentos, enchentes, granizo e ventos fortes.

Para visualizarmos melhor isso, segue uma imagem do satélite TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission), onde nota-se as anomalias de chuva dos últimos 30 dias em mm/d (milímetros de chuva por dia) (Figura 2). Nota-se realmente que a porção sul do Brasil está sendo atingida por fortes chuvas. 

Figura 2. Anomalia de precipitação dada em milímetros de chuva por dia, dos últimos 30 dias pelo TRMM.

Para maiores informações, curta nossa página no facebook:

https://www.facebook.com/Capincho-Cumulus-170992762998856/?ref=hl

Ou nos adicione como amigo pelo perfil:

https://www.facebook.com/capincho.cumulus

Atenciosamente,

Equipe Capincho Cumulus

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Tempo extremamente instável nos próximos dias!

A porção mais ao sul do Brasil, em especial ao estado do Rio Grande do Sul, começa hoje (quarta-feira 15/10) a passar por um quadro atmosférico de instabilidade extrema!

Um padrão de circulação atmosférica, bem peculiar da região, trará condições para tempo severo no RS. Os sistemas que irão decorrer neste padrão são:

Uma crista em altos níveis da atmosfera com atuação do Jato Subtropical (JST), acoplado ao Jato Polar Norte sobre o Uruguai, deixando assim o RS sob a posição equatorial destes jatos. Isto acarreta que a perda de massa e a difluência será muito intensa, o que favorece a convecção severa. Vide fig. 1.

Figura 1. Imagem do nível de 250 hPa.

Juntamente a isto, atuarão cavados de onda curtíssima, inseridos dentro da circulação anticiclônica de um amplo centro de alta pressão atmosférica que atua sobre o centro do País e dá suporte para a manutenção e intensificação da massa de ar quente e seca, que está sendo responsável pela onda de calor na região Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte do Sul do Brasil. Estes cavados de onda curta, dão suporte a divergência e atuam como forçantes para a convecção sobre o RS e Uruguai (Fig. 2).

Figura 2. Imagem do nível de 500 hPa.

Não bastassem os fatores nos médios e altos níveis da troposfera, nos níveis mais baixos, estará atuando uma poderosa corrente de ventos, os famosos Jatos de Baixos Níveis (JBN). Este serpa formado devido a interação entre um anticiclone pós-frontal frio, situado no litoral da região Sul, com a Baixa do Chaco no norte da Argentina, formando assim, um canal de ventos intensos na baixa troposfera ( 0 - 3 km de altitude) sobre o RS, norte da Argentina, Uruguai e oeste de SC.
O JBN fará com que a massa de ar quente que está sobre o centro do Brasil, dessa para o RS e Uruguai. Quando esta massa de ar alcançar estas localidades, se deparará com ar mais frio e úmido, ou seja, será como "colocar gasolina no fogo!". Com a chegada da massa de ar extremamente quente, se dará o engatilho para a formação de intensos sistemas convectivos. Vide figura 3.

Figura 3. Imagem dos baixos níveis da atmosfera.

Mas qual a consequência deste padrão de circulação?

Logo, concluímos com tudo isto que, toda esta configuração sinótica-dinâmica atuando em conjunto, provocarão tempo severo e destrutivo sobre o RS, SC e PR entre Quinta-feira e Domingo!

Se formarão CCM's (Complexos Convectivos de Mesoescala), que serão responsáveis por formarem tempestades multicelulares e supercelulares, com potencial para destruição. Nos próximos dias podemos esperar a ocorrência de granizo, vendavais, acumulados intensos de precipitação em curtos períodos de tempo, altíssima incidência de raios e a formação de tornados. 

Atenciosamente equipe Capincho Cumulus



sábado, 30 de agosto de 2014

Total Coupling

A configuração atmosférica está propícia a formação de células de instabilidade por todo o estado devido ao acoplamento de diversos fatores. É utilizado o termo Total Coupling (Acoplamento Total) para caraterizar esta configuração.

Total Coupling: Este é o termo que nós do Capincho Cumulus utilizamos para designar uma condição de associação de sistemas meteorológicos, que provocam tempo extremamente severo, ou condição chamada na meteorologia de Condicionalmente instável.
Os sistemas em associação neste caso são:
  • Crista da Alta da Bolívia em 250 hPa;
  • Jato Subtropical (JST) em 250 hPa;
  • Cavados de onda curta em 500 hPa;
  • Divergência em 500 hPa;
  • Jato de Baixos Níveis (JBN) em 850 hPa;
  • Umidade em 850 hPa;
  • Forte gradiente de temperatura em 850 hPa;
  • Cavados invertidos em baixos níveis até a superfície;
Estes, trabalham em conjunto de forma a tornar a condição atmosférica perfeita para a formação de Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM), Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM), VCM, Linhas de Instabilidade (LI), etc..., que por sua vez provocam tempestades supercelulares, com potencialidade para a formação de granizo, tornados, vendavais, alta precipitação e alta incidência de raios. Lembrando que este termo é utilizado pela equipe Capincho Cumulus de maneira informal, não reconhecido ainda pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM).

Explicando a dinâmica desta configuração: Basicamente, inicia-se este processo pelos altos níveis da atmosfera, com a atuação da cista da Alta da Bolívia com um intenso fluxo, esta acaba por configurar o Jato Subtropical com ondulação anticiclônica, que por sua vez gera intensa perda de massa na região equatorial (região mais próxima a linha do equador) do JST, provocando forte divergência. Ainda com o intenso fluxo devido ao jato, formam-se configurações (assinaturas) de intensa difluência das linhas de corrente, ou seja, as linhas de vento aparecem se abrindo (afastando-se umas das outras). Este fator, intensifica ainda mais a perda de massa na alta troposfera e convecção (vide figura 1).

Figura 1. Nível de 250 hPa.

Com todo este processo ocorrendo nos altos níveis, nos médios níveis atua um cavado de onda curta, intensificando assim a divergência de massa a leste deste, e logo abaixo das assinaturas de difluência em 250 hPa, intensificando ainda mais a perda de massa nas camadas médias e altas da atmosfera, logo, fazendo com que a pressão em baixos níveis sofra uma queda mais acentuada, gerando forte convergência de massa em superfície vem abaixo dos sistemas em médios e altos níveis (vide figura 2).

Figura 2. Nível de 500 hPa.

Agora, a consequência dos sistemas atuantes em altos e médios níveis, é a formação de um cavado (área de baixa pressão prologada) invertido em superfície e baixos níveis. A perda de massa que ocorre nos níveis mais acima, juntamente com a atuação do JBN, que transporta ar quente para Sul em 850 hPa, favorecem a queda na pressão atmosférica, formando este cavado invertido. O papel deste cavado é convergir toda a massa que esta na superfície. Logo, como em médios e altos níveis há perda de massa, por continuidade esta perda tem de ser compensada e ela realmente é, justamente pela convergência no cavado invertido em superfície e baixos níveis (nada se perde, tudo se transforma). Ou seja, a massa é 'perdida' em altos e médios níveis, sendo forçada a subir mecanicamente pelo cavado, e assim, compensar a falta em cima. Agora, o ar que converge para dentro do cavado é quente (mais quente que o ambiente), quando este sobe e resfria (temos que a temperatura diminui com a altura na troposfera) rapidamente e condensa, formando as nuvens com alto desenvolvimento vertical (nuvens de tempestade) (vide figura 3 e 4).

Figra 3. Nível de 850 hPa.

Figura 4. Superfície.

As explicações acima condizem o que já está ocorrendo e irá ocorrer no estado nas próximas horas sobre a porção Sul do Brasil.

Abaixo imagens atuais de radar, satélite e atividade elétrica.

Figura 5. Imagem de Satélite no canal infravermelho 00:00 UTC.

Figura 6. Índice de atividade elétrica.

Fgura 7. Imagem de Satélite canal Realçado 01:30 UTC.

Figura 8. Imagem do radar de Santiago.


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nevoeiro afetou o tempo na costa do estado.

Nos últimos dias a região litorânea do estado do Rio Grande do Sul vem sendo afetada pela atuação de um nevoeiro de advecção e inversão térmica. A Alta subtropical está atuando de maneira a advectar ar quente e úmido, este ao avançar pelas terras mais frias da costa litorânea do RS esfria e condensa. Isto acabou fazendo com que a temperatura não se elevasse tanto quanto nas demais localidades onde a previsão de calor intenso devido as situações de bloqueio que tem atuado nos últimos dias. Na cidade de Bagé no dia de ontem as 18 UTC foi registrada uma temp. de 27ºC, em São Luiz Gonzada 29ºC. Enquanto isso no litoral gaúcho a temp. estava marcando 16ºC em Rio Grande, Mostardas e Torres.



Fig. 1 - Imagem de satélite do canal visível do dia 20/08 das 15 UTC.



Fig. 2 - Radiosondagem de Porto Alegre

Na imagem acima, da radiosondagem de Porto Alegre podemos ver a grande inversão que ocorre com a parcela a medida que esta ascende na atmosfera e devido a este tipo de situação, juntamente com a umidade presente no ar, ocorre a formação dos nevoeiros. Na configuração padrão atmosférica, tem-se que na troposfera que a medida que ascendemos na atmosfera, a temperatura tende a diminuir e na imagem acima notamos o inverso.


Fig. 3 - Imagem de satélite do canal visível do dia 21/08 às 15 UTC.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Região Sul sofre com grandes acumulados de precipitação e ventos fortes!

   Nos últimos dias, os valores de precipitação no norte do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina foram elevados. Na estação convencional do INMET localizada em Iraí o acumulado entre os dias 23 e 30 de junho ficou em 389,3 mm. Em SC choveu 285,2 mm em Campos Novos e 449,9 mm em Chapecó. Os acumulados em outras cidades do RS e do Paraguai podem ser vistos na tabela 1. 

   O resultado de toda essa chuva foi catastrófico: diversas cidades parcialmente submersas, sem luz e/ou "ilhadas", milhares de pessoas desalojadas, com vários trechos de rodovias bloqueadas. Segundo notícia  divulgada pela Defesa Civil nesta quinta feira, 42 municipios decretaram situação de emergência e 2 de calamidade pública. O número de pessoas atingidas é impressionante, cerca de 16.373 ficaram desalojadas e 5.191 ficaram desabrigadas.


 Tabela 1 - Dados de precipitação  do RS e Paraguai entre os dias 23 e 30 de junho disponíveis no Ogimet..

   A chuva começou no dia 23/06 devido à aproximação de uma frente fria associada a um ciclone extratropical a leste da Argentina. Na figura 1 vê-se um sistema convectivo com temperatura do topo das nuvens de -70°C entre a província de Misiones e o sudeste do Paraguai.
   Na figura 2 nota-se que o ciclone em oclusão com núcleo de 1000 hPa e a alta pós-frontal não são intensos o bastante para impulsionar o ar frio em direção ao interior do Brasil devido a atuação de um bloqueio atmosférico (figura 4) em médios níveis da atmosfera (500 hPa). Com isto a frente fica estacionária sobre a metade norte do estado.

Figura 1 - Imagem de satélite do canal infravermelho 

Figura 2 - Carta de superfície do dia 25/06 às 00 UTC.

Figura 3 - Imagem do nível de 500 hPa do dia 25 de Junho de 2014 às 00 UTC.

   Nota-se na figura acima a presença de uma ampla região com circulação anticiclônica (ventos no sentido anti-horário), mais conhecida como zona de alta pressão. Esta por sua vez impede o avanço do sistema frontal para o norte, o que resulta no estacionamento da frente sobre o RS.
Figura 4 - Divergência em 300 hPa (~ 9 km de altitude) do dia 27/06 às 00 UTC.

    Na figura 4 nota-se uma intensa região de divergência (em azul) na alta troposfera; isto implica em convergência em superfície, ou seja, ascensão do ar. Na figura 5 observa-se que a umidade do ar estava muito elevada, assim, a atmosfera apresentava todos os fatores favoráveis à formação de nuvens com grande desenvolvimento vertical propícias a intensas precipitações.  


Figura 5 - Umidade Relativa (UR) do ar às 00 UTC do dia 27 de Junho.

Figura 6 - Nível de 250 hPa do dia 27 de Junho às 00 UTC.

   Na figura 6 é possível ver a presença de um cavado, que por sua vez é contornado pelos jatos subtropical (JST) e polar norte (JPN). Nota-se uma ampla região de divergência na região Sul assim como na figura 3. Esta configuração favoreceu a perda de massa a leste do cavado e consequentemente a queda da pressão, o que deu início a um evento de ciclogênese.

   Assim, um ciclone extratropical formou-se na costa do RS e SC, causando precipitação intensa e rajadas de vento no RS. tais rajadas atingiram impressionantes 104 km/h em Rio Grande segundo a MetSul. Em Pelotas, segundo  dados do CPPMET (Centro de Pesquisas e Previsão Meteorológica) as rajadas chegaram a 94,3 km/h. A queda da temperatura na região serrana dos estados do RS e SC foi considerável.

   Este processo acarretou na formação de uma tempestade do tipo bow echo no litoral de SC (figura 7). O termo bow echo é utilizado para classificar uma tempestade severa em forma de arco (bow). Estes sistemas são caracterizados pela ocorrência de granizo, rajadas de vento e até mesmo tornados.

Figura 7 - Imagem do radar do Morro da Igreja em SC ás 02:55 hrs UTC do dia 28 de Junho.



Figura 8 - Animação das imagens de satélite no canal realçado do dia 23 ao dia 30 de Junho de 2014.

   Na animação acima observa-se a formação e desenvolvimento do sistema que provocou os grandes acumulados de precipitação. Na figura abaixo está o acumulado de precipitação entre as 00 UTC do dia 23 de Junho e as 00 UTC do dia 03 de Julho de 2014 segundo dados do TRMM (Tropical Rainfall Measuring Mission). Nota-se que as regiões mais ao norte do RS, oeste e centro de SC  registraram uma média de precipitação entre 1 e 2 mm por hora. No total acumulado deste período, os valores chegaram a aproximadamente 450 mm. 

Figura 9 - Acumulados de precipitação das 00 UTC do dia 23 de Junho às 00 UTC do dia 03 de Julho de 2014.

   O avanço do sistema frontal pelo continente sul-americano conseguiu atingir latitudes baixas, como mostra a carta sinótica disponibilizada pelo CPTEC das 00 UTC do dia 30 de Junho de 2014 (figura 10).


Figura 10 - Carta de superfície das 00 UTC do dia 30 de Junho de 2014.

   O sistema ficou estacionário em grande parte do continente. A forte advecção de ar frio deu origem ao fenômeno de friagem na região Amazônica. Segue abaixo as temperaturas minimas registradas pelo INMET no dia 29 e 30 de Junho de 2014.

29/06/2014
Epitaciolândia (AC): 13,5°C  
Feijó (AC): 15,5°C
Boca do Acre (AC): 15,1°C
Eirunepé (AM): 17,6°C

30/06/2014
Epitaciolândia (AC): 12°C
Feijó (AC): 15,1°C
Boca do Acre (AC): 15,6°C
Eirunepé (AM): 17,4°C

Atenciosamente, equipe Capincho Cumulus
 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Mais chuvas e temporais a vista!

A região sul do Brasil será marcada por mais chuvas e temporais nos dias que seguem. Observa-se nesta quarta-feira (11/06/14), analisando o nível de 250 hPa, uma ampla região difluente (Figura 1), originada devido a atuação de um sistema de alta pressão na porção norte do país e um amplo cavado sobre o Pacífico na porção sul da América do Sul. Têm-se na literatura que uma das consequências de uma região difluente/divergente em altos níveis é a convergência nos níveis mais baixos (Figura 2). É possível observar um reflexo do cavado em altos níveis nos níveis médios da atmosfera (Figura 3). A existência desta configuração, junto com a forte atuação do Jato de Baixos Níveis (JBN), advectando ar quente e úmido (Figura 4 e 5), está causando a formação de nuvens convectivas na porção oeste do RS e no Uruguai, como já é possível se observar nas imagens de satélite e radar.

Figura 1. Nível de 250 hPa com ampla região difluente e presença de um cavado.

O cavado existente em altos níveis, advecta vorticidade ciclônica para os níveis mais inferiores a leste de sua posição, ou seja, ele 'dá' o engatilho para as partículas adquirirem movimento rotacional, isto acaba acarretando na perda de massa e diminuição da pressão, ou seja, originando uma região de baixa pressão.

Figura 2. Esquema de divergência e convergência.


Figura 3. Nível de 500 hPa.

Na figura acima é possível identificar a presença de um cavado, que devido a suas características sinóticas e dinâmicas tende a acarretar na perda de massa e consequentemente queda na pressão em superfície, outro fator que está favorecendo a esta queda, é a intensa atuação do JBN, que por sua vez é originado pela atuação dos ventos alísios, estes conseguem adentrar no continente de tal maneira que se chocam com os Andes e são direcionados para sul, carregando assim ar quente e úmido proveniente da região amazônica para latitudes médias, entretanto temos um fator que está intensificando o JBN, que é a Alta Subtropical do Atlântico Sul, que está deslocada da sua posição climatológica.

Figura 4. Nível de 850 hPa com a atuação do JBN.

Figura 5. Umidade Relativa para o nível de 850 hPa.

Devido ao transporte de ar quente e úmido como dito anteriormente, ocorrerá o aprofundamento de uma região de baixa pressão a leste da Argentina, acarretando em processo de ciclogênese e frontogênese, ou seja, a formação de um sistema frontal sobre o continente a partir de amanha (12/06). O ramo frio deste sistema poderá provocar chuvas de moderada a forte em diversas regiões do continente devido a sua magnitude, após a passagem deste sistema frontal, haverá a entrada de um sistema de alta pressão pós frontal, podendo provocar na queda brusca de temperatura na região sul do país e com isso a formação de geada e decorrendo na provável ocorrência do fenômeno caracterizado como friagem na região norte do país.
Acompanhe nossa pagina no Facebook onde faremos o acompanhamento deste sistema (nowcasting) e os manteremos informados.

Atenciosamente,
Equipe Capincho Cumulus

terça-feira, 10 de junho de 2014

Neve na Argentina, temporais e alagamentos/enchentes no Centro-Sul do Brasil!!

Parte das regiões Sul e Centro-Oeste estão sendo atingidas por chuvas intensas e tempestades acompanhadas de descargas elétricas nos últimos dias.
As tabelas 1 e 2 contêm dados de precipitação das estações automáticas do INMET dos últimos dias em Santa Catarina e no Paraná, respectivamente. Em SC, os acumulados entre os dias 5 e 6 de junho foram de 44.6 mm em Florianópolis, 56.6 mm em Lages e 75.1 mm em São Joaquim. No PR, os acumulados entre os dias 6 e 7 de junho foram de 140.7 mm em Ivaí, 144.5 mm em Castro e 149.6 mm em Curitiba.

     As chuvas provocaram transtornos em diversas cidades, tais como:  


05/06
06/06
Florianópolis
7,4 mm
37,2 mm
Lages
8,4 mm
48,2 mm
São Joaquim
13,6 mm
61,5 mm
Tabela 1 – Precipitação em SC nos dias 5 e 6 de junho.


06/06
07/06
Castro
85,7 mm
58,8 mm
Curitiba
54,4 mm
95,2 mm
Ivaí
40,0 mm
100,7 mm
Tabela 2 – Precipitação no PR nos dias 6 e 7 de junho.

A estação do INMET de Paranapoema(PR) registrou rajada de vento de 85 km/h.

Estes transtornos estão ocorrendo devido a alta instabilização da atmosfera, e esta por sua vez decorreu inicialmente devido a intensificação de uma região prolongada de baixa pressão (cavado) sobre a porção sul do Brasil, esta intensificação originou em um processo conhecido como Ciclogênese, ou neste caso, Ciclogênese explosiva devido á queda abrupta da pressão atmosférica. Analisando as cartas sinóticas disponibilizadas pelo Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), Fig. 1, nota-se que dentro de 24 horas o ciclone extratropical diminuiu em 28 hPa sua pressão, ou seja, mais de 1 hPa por hora que segundo a literatura é denominada como a Ciclogênese Explosiva já citada anteriormente. Associada a esta condição, nota-se a presença de um Vórtice Polar. Esta configuração acarretou em nevascas no Sul da Argentina nos dias 5 e 6 de Junho (Fig. 2).


Figura 1. Cartas sinóticas do dia 04 e 05 de Junho as 12 UTC.

Na figura acima nota-se a presença de um ciclone extratropical indicado pela letra B (Baixa Pressão) na porção sul da América do Sul, este se intensifica do dia 04 para o dia 05 e seu ramo frontal frio atinge as regiões Sul do Brasil.


Figura 2. Imagem do satélite MODIS. 

Desde o dia 04/06 formaram-se dois ciclones extratropicais ao sul do RS consecutivos, o ramo frontal frio do primeiro atuou na região sul do Brasil entre os dias 04, 05, 06 e 07, sendo que permaneceu estacionário entre o norte do RS e SC nos últimos dois dias. Neste domingo uma nova frente fria se originou associada ao segundo ciclone e ficou estacionária nestas regiões durante boa parte do dia e após isso avançando pelo continente.
A atuação seguida destes sistemas frontais provocou precipitações torrenciais e tempestades em parte da região Sul do país. Estes geraram Linhas de Instabilidade (LI) e frentes de rajada.
A ocorrência destas configurações atmosféricas foi facilidade por um bloqueio atmosférico em médios e altos níveis, que impediram o avanço dos sistemas frontais para dentro do continente, forçando-os assim, a ficar estacionários sobre a parte sul do Brasil.


Figura 3.Descargas elétricas associadas sobre o Sul, Centro-Oeste e Sudeste ontem (08/06) às 16:00 (horário de Brasília). 

Na figura acima nota-se a formação de uma linha de instabilidade (LI) com alta atividade elétrica, causando tempestades.

Abaixo está uma imagem do satélite Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM), onde é possível observar a estimativa de precipitação acumulada na ultima semana, nota-se que para regiões de SC e PR estes valores ficam entre 500 e 700 mm aproximadamente. Lembrando que é uma estimativa, os valores podem estar sendo superestimados, porém, mesmo com isto, a magnitude dos acumulados foi impressionante.

Figura 4. Imagem do satélite TRMM (Disponível em: http://trmm.gsfc.nasa.gov/).

Na figura abaixo, está o acumulado de precipitação para o estado do Paraná deste ultimo Domingo (08/06/2014).

Figura 5. Acumulado de precipitação para o estado do PR

.
Figura 6. Animação das imagens do satélite GOES 13 no canal realçado.

Na animação acima (04/06 á 08/06) pode-se observar o desenvolvimento e avanço do sistema que provocou inúmeros transtornos para a população de RS, SC e PR. 

Segue uma parte do texto publicado pela Defesa Civil de SC sobre o evento:

"O registro de municípios afetados pelas chuvas se mantém em 24 cidades. No entanto na manhã desta segunda-feira (09) mais uma cidade decretou Situação de Emergência. Major Vieira comunicou a Secretaria de Estado e já encaminhou a documentação.
O número de desalojados ainda não teve alterações. Segue a estimativa de 16 mil, conforme comunicados dos municípios. Já desabrigados são cerca de 670 desabrigados.
Volume de chuva nas regiões do Planalto Norte, Alto e Médio Vale do Itajaí e Litoral Norte, foram às regiões com maiores acumulados de chuva nas últimas 96h (entre 8h do dia 05/06 às 8h do dia 09/06/14): Corupá 462,6mm, Jaraguá do Sul 374,8mm, Três Barras e Porto União 334mm, Schroeder 330,6mm, Papanduva 326,2mm, Monte Castelo 315,4mm, Rio Negrinho 305,6mm, Canoinhas 301,6mm, Massaranduba e Joinville 297,2mm, Itaiópolis 294,6mm, Balneário. Barra do Sul 276 mm, Luiz Alves 271,2, Timbó 261,4mm, Ilhota 259,8mm, Benedito Novo 253,8mm, Rio do Sul 206,2mm."

Abaixo está uma foto disponibilizada pela Defesa Civil - SC de uma das cidades atingidas.



De acordo com o boletim da Defesa Civil do estado do PR divulgado às 11h30 desta segunda-feira, chega a 55.659 o número de pessoas atingidas, em 86 municípios paranaenses. Em todo o Estado, 7.530 pessoas ficaram desalojadas e 2.436 estão desabrigadas. Segundo o levantamento, 2.286 pessoas permanecem em abrigos. Nove pessoas morreram.